sábado, 16 de abril de 2011

O OUTRO: O MASSACRE INVISÍVEL


Não preciso nem comentar que o caso “Massacre do Realengo” foi, e ainda está sendo o assunto Top 10 da internet. A partir de seu desvario, esquizofrenia ou qualquer coisa que dê uma resposta, o “Atirador” entrou para a história a partir de um ato covarde, tirando a vida daqueles que nada tinham a ver com seus aborrecimentos e frustrações (se é que ele passou por isso mesmo).                            
Um detalhe me chamou atenção no dia do desastre. Fora da escola no momento de socorro, pais de alunos queriam invadir a escola para “punir” o culpado, subentende-se linchar, mas quando forçavam o cordão de isolamento, alguém gritou que o assassino também estava morto. Logo, esfriaram os ânimos e se preocuparam somente com a vida e resgate dos filhos. 
O que percebemos é que em um ato como este, a nossa idéia de justiça está intimamente ligada a idéia de barbárie, ou seja, a vontade dos pais e dos telespectadores eram também de matar o atirador com rigores maiores que o dele mesmo, para que o prejuízo fosse de igual para igual, cumprindo novamente a Lei de Talião que diz: “Olho por olho, e dente por dente”. 
Então, nosso senso de justiça está ligado ao grau da maldade, quanto mais, maior a barbárie. E mesmo que ele não houvesse se matado, se fosse morto pelo policial ou linchado pela população, ainda assim, não veríamos nisso nenhum mal, pois “quem com o ferro fere, com o mesmo será ferido”. Nesse sentido, Michel Foucault diria: Não disse a vocês que seria assim! 
Mas nós humanos e pecadores que somos só conseguimos enxergar esse tipo de desgraça, dessas que chegam com barulho e audiência. Mas estamos vivendo dias em que existe um massacre invisível, silencioso, que não é percebido pela maioria das pessoas. Talvez eu e você façamos parte deste massacre. Mas a pergunta que não quer calar é: a quem estamos massacrando? O outro. 
Se para o atirador o Outro eram os adolescentes a quem matou, para nós o outro é quem queremos suprimir ou sufocar mesmo sem perceber, é aquele que gera estranhamento e mal-estar. E segundo Sartre: “O inferno são os outros”. 
Massacramos o outro quando discriminamos por cor, raça ou religião; massacramos quando nos sentimos prepotentes e superiores; massacramos quando traímos a confiança de um amigo, ou quando brincamos com o sentimento de alguém; massacramos quando traímos a namorada(o) ou esposa(o), e nos desculpamos com alguma mentira teatral; massacramos quando enchemos a cara de cachaça ou droga e ferimos ou matamos alguém de acidente; massacramos quando contribuímos para a calúnia, infâmia e mentira; massacramos quando humilhamos alguém por causa de suas idéias e ideologias; massacramos, massacramos... 
A diferença ou semelhança do massacre do realengo e de nós, é que aquele chamou muita atenção, e o nosso massacre é invisível e silencioso. Não podemos falar ou cobrar justiça, quando não praticamos a mesma. 
Valorize a vida, e não mais massacre!

"Estas seis coisas o SENHOR odeia, e a sétima a sua alma abomina: Olhos altivos, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente, O coração que maquina pensamentos perversos, pés que se apressam a correr para o mal, A testemunha falsa que profere mentiras, e o que semeia contendas entre irmãos. Filho meu, guarda o mandamento de teu pai, e não deixes a lei da tua mãe; Ata-os perpetuamente ao teu coração, e pendura-os ao teu pescoço. Quando caminhares, te guiará; quando te deitares, te guardará; quando acordares, falará contigo. Porque o mandamento é lâmpada, e a lei é luz; e as repreensões da correção são o caminho da vida." Provérbios 6.16-23

Deus nos abencoe, Obrigado!

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