Meu pastor virou um modinha!
Sinceramente não sei o que
está acontecendo com o meu pastor! Ele não era, e nunca foi assim. Ele já tem
uns bons anos de ministério, e desde que o conheço, sempre vi nele uma figura
de referência, um homem de Deus, piedoso e de boas obras. Ele visitava suas
ovelhas, era modesto e levava uma vida comum como de qualquer irmão. Formado no
seminário, era amante das escrituras e da exposição bíblica, dos estudos da
palavra e do pastoreio simples. O que quero dizer com simples, era o que
conhecíamos, no sentido mais comum no que se refere ao ministério pastoral.
Meu pastor se “contentava” com a palavra como ela é, sem
mais nenhum ingrediente, era apaixonado pela teologia reformada, era dedicado
aos estudos e a oração, mas ultimamente não sei o que está acontecendo com ele.
Ele mudou da água para o vinho, seus discursos não são
mais os mesmos, e tudo o que um dia o vimos defendendo, agora é contra, e tudo
que era contra agora é a favor. Meu Deus, o que aconteceu com esse servo de
Deus?
Talvez a explicação mais óbvia seja a influência da
mídia. O advento da mídia trouxeram coisas boas e ruins ao mesmo tempo. Boas
porque estamos ligados a uma espécie de “aldeia global”, onde todos estão
interligados e desta forma, as informações mundiais quase que nos chegam em
tempo real. A globalização nos aproximou de povos, culturas e nações, e nos
permitiu nos relacionarmos com as mesmas. Mas aqui talvez esteja o grande
problema, a mídia global também nos apresentou os modos de ser e viver de
outras culturas, e dessa forma, o “novo” se tornou extremamente atrativo e
tentador, e na questão religiosa e eclesiástica se aplica o mesmo.
Me parece que talvez tenha sido essa influência que fez
meu pastor mudar tanto. Por exemplo, quando o Benny Hinn veio ao Brasil
trazendo a “nova” benção, ou a unção do cai cai, meu pastor ficou tão empolgado
que começou a querer derrubar os irmãos, passando o seu paletó, assim como
fazia o Benny Hinn. Paralelo a isso, na Colômbia o pastor César Castellanos
começou a propagar o método mais conhecido como G12, e adivinha? Meu pastor
entrou de malas e cuias! E se não bastasse ele mudar tanto os seus princípios,
agora ele está deslumbrando com um suposto movimento apostólico que segundo os
defensores “recomeçou” a “era apostólica”. Ora pastor, o senhor sempre ensinou
que o período apostólico era da igreja primitiva, mas agora o senhor está nos
dizendo que a partir da década de 90 e 2000 é o período apostólico? Olha,
realmente não estamos te entendendo mais.
Assim que o movimento G12 começou a sair da moda, outros
movimentos apareceram, como o G5, M12, e também o Judaísmo Messiânico. Esse
último parece que foi a última pá de cal, pois meu pastor sempre nos ensinou,
principalmente na EBD que os rituais do Antigo Testamento foram cumpridos em
Cristo, e a igreja agora não precisava observar nem as festas ou rituais
judaicos, mas ele agora está fazendo justamente o contrário, é bandeira de
Israel pra todo lado, shofar, castiçais, festas judaicas e talit. A minha
dúvida é, será que ele vai querer circuncidar-se também? Ora pois.
Me parece que a cada novidade, meu pastor
estava tentando, atirando pra todos os lados, me lembro que até as orações que
o Marco Feliciano fazia, ele chegou a copiar, “se tenho crédito contigo no céu”....
dá pra acreditar? A lista é grande, até dos pastores gringos ele tentou copiar
alguma coisa, mas vou resumir pra não ficar cansativa essa história.
No
meio de toda essa mistura teológica, outro movimento ganhou força e se tornou
muito cobiçado, o MDA. Agora pensa a salada, meu pastor se dizia reformado por
muitos anos, passou pro G12, dele foi para o “movimento apostólico”, “unções esquisitas”,
“judaísmo messiânico”, e agora está no MDA. Meu Deus pastor, o que está
acontecendo com o senhor? O senhor disse que o G12 era a “visão” de Deus para
os últimos dias da igreja, disse que agora sim o senhor conheceu Jesus, e de
repente o senhor abandona o G12 e entra no MDA? Onde o senhor quer chegar?
Estamos confusos!
O ministério pastoral do meu pastor mudou radicalmente,
não só na teologia, que agora ele é claramente um neopentecostal, mas na sua
forma de ser também. Começou a usar uns termos que antes não se via em seu
vocabulário, um dos jargões mais preferidos dele agora é o uso do termo
profético, ele adiciona essa palavra a tudo, tudo agora é profético, se tornou
como algo mágico, algo místico, dizer que é profético parece que ganha validade
espiritual. Os termos não param por aí, é “tremendo”, vai ser “power”, é “forte”,
“chamo a existência”, eu “determino”, eu “declaro”, eu “libero” ou vou
“liberar” a benção”, “meus discípulos”, etc.
Infelizmente meu pastor mudou, só ele não percebeu. Ele
já não é mais acessível, antes estava disponível sempre, sempre tomávamos
tereré juntos, mas agora pra encontrá-lo só por meio da sua secretária. Ele
chegava antes de todos no culto, ele que abria a igreja, agora ele só chega
depois que o louvor começou. Ele era bem modesto e reservado, agora a mídia é a
maior parceira do seu ministério, seu nome está em todos os lugares. Ele já não
é um homem do povo, já não tem mais cheiro de ovelha, já não frequente pequenas
reuniões, pequenos públicos não o agradam mais.
Certo dia tentei dizer a ele que ele havia mudado como eu
disse acima, da água pro vinho, mas quando comecei falar, ele me interrompeu
dizendo que eu era arcaico, tradicional, frio e que a letra estava me matando.
Mas eu disse a ele que ele mesmo nos havia ensinado a ser desta forma, e por
que mudou agora? Ele disse que os tempos mudaram, a igreja é outra e que
deveríamos nos adequar aos novos tempos e modelos. Mas ainda assim não me
convenceu, continuei a lembrá-lo de suas exposições bíblicas, suas convicções
teológicas e então ele me disse que eu não estava pronto para entender a
“visão”, e se caso eu não me adequasse a esse novo modelo de igreja e ministério,
eu poderia procurar outra igreja.
Não acreditei quando ouvi isso. Como uma pessoa pode sair
de um extremo ao outro? Já não nos havia advertido o apóstolo Paulo em Efésios
4.14 “O propósito é que não sejamos mais
como crianças, levados de um lado para outro pelas ondas, nem jogados para cá e
para lá por todo vento de doutrina e pela astúcia e esperteza de homens que
induzem ao erro”.
Depois de tudo isso, com tamanha influência da mídia e os
novos modelos eclesiásticos, descobri que meu pastor virou um modinha! Quanta
saudades temos de quando ele era um pastor simples, e centrado na palavra!
Pastor,
volte a suas raízes, volte ao primeiro amor, suas ovelhas estão confusas. “Lembra-te, pois, de onde caíste, e
arrepende-te, e pratica as primeiras obras; quando não, brevemente a ti virei,
e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres. Ap. 2:5
Atenção:
Qualquer semelhança desse desabafo com a realidade, é mera coincidência!
Obrigado!