quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

A IMPORTÂNCIA DA ATUALIZAÇÃO NO MINISTÉRIO PASTORAL

Há quem diga que servir a Deus nos tempos de Pedro ou Paulo era mais fácil, talvez por acreditar que as manifestações de Deus eram mais frequentes, e com isso havia mais “poder” de Deus à disposição da igreja e de seu povo. Porém, na prática, o que percebemos é que não era tão fácil, ou mais fácil que hoje. É um engano pensar que a nascente igreja vivia em perfeita harmonia e paz, pois além das questões internas, ainda havia as perseguições impostas aos crentes pelo Estado Romano, e quando eram pegos, poderiam ser chicoteados e até mesmo levados à morte.

Mas, e ser pastor nos dias de Paulo? Pastorear sob pressão não é bom nem naquele, nem no tempo presente. Contudo, naquele, a pressão dizia respeito a “clandestinidade” da fé, uma vez que esta era considerada uma ameaça à pax romana, e transgressora da ordem. Pastorear sob a influência do judaísmo e da filosofia grega, principalmente o Epicurismo e o Estoicismo (cf. At. 17.18), também era um grande desafio, principalmente para sustentar doutrinariamente o Cristo ressurreto. Outro problema daquele tempo, era a questão logística, e a grande demora em que as informações se desenvolviam. Paulo, provavelmente foi o que mais sentiu as dificuldades do pastoreio epistolar, ou em forma de missivas, dado a grande demora que estas exigiam para chegar ao destinatário, em média de dois a três meses, dependendo da localidade.

Porém, não estamos nos dias de Paulo, mais de 2 mil anos se passaram, e mudanças sem precedentes aconteceram, passando a exigir uma nova didática, novos competências e diversificados talentos para este novo tempo, sem, contudo, perder a essência da palavra de Deus. De certa forma, podemos dizer que o ministério pastoral precisou ser atualizado, reformulado, reciclado e renovado.

Podemos perceber as mudanças impostas ao ministério pastoral, na medida em que a sociedade muda e se transforma. Se pensarmos a sociedade brasileira nos últimos 50 anos, veremos nitidamente essas transformações. Nas décadas de 1970/80, tínhamos uma igreja de modo geral ascética, quase separada totalmente do mundo, com particular ênfase na questão dos usos e costumes e com um apelo direcionado às questões escatológicas. Nesse período, muitas pessoas ainda viviam na área rural, havia pouca e lenta comunicação, onde algumas igrejas utilizavam-se apenas o rádio como forma de propagação do evangelho, pois a TV era considerada um instrumento não sacro.

A partir da década de 1990, a televisão se tornou um item indispensável na casa dos brasileiros, tornando-se um grande desafio para as igrejas e os pastores, pois nas décadas anteriores a mesma era vista como anátema, mas, no período pós década de 90, ela passou a ser utilizada como canal de propagação do Evangelho. O pastor por sua vez, em relação ao uso da televisão, por parte dos crentes, oscilava entre o sagrado e o profano, todavia, seriam as decisões de sua denominação que validariam ou não o uso desse eletrônico.

Cabe destacar, que as principais mudanças aconteceram, a partir dos anos 2000. Com o advento da internet e com a popularização do celular a comunicação entre o pastor e suas ovelhas foi facilitada. O processo de adaptação do pastor às novas tecnologias de informação e comunicação foi desafiador. Com o surgimento das redes sociais, aplicativos de mensagens e a velocidade das informações, o pastor foi desafiado, sob pena de tornar-se obsoleto, a acompanhar as modificações tecnológicas e delas se apropriar, tanto na espera da vida pessoal quanto ministerial.

O pastor, além do dever de cultivar uma vida devocional abundante, ser dedicado ao estudo da Palavra e cortês no trato com o rebanho, precisa também estar atento às novas tecnológicas da chamada era digital. Em um mundo onde tudo se transforma velozmente, o pastor precisa gerenciar até mesmo o que acontece nos grupos de aplicativos, como o Telegram e WhatsApp da igreja, estar atento ao que está sendo veiculado na mídia, saber qual o assunto do momento, etc. São as novas demandas do ministério pastoral.

O pastoreio no século XXI nos levou a uma necessidade de atualização ministerial jamais imaginada. Cabe salientar, entretanto, que a essência do chamado pastoral continua estritamente o mesmo, o que mudou foi a forma como o pastor interage hoje com suas ovelhas. Ele tem de pastorear e ao mesmo tempo “competir” de modo digital. Ele foi desafiado a ir para as redes sociais e publicizar os eventos e o andamento de sua igreja. Isso acabou por abençoar a vida de muitas pessoas que, de alguma forma, não poderiam ir à igreja e, com as mídias sociais, passaram a ter um acesso virtual. No entanto, a competição reside no fato de que a era digital apresentou novas possiblidades eclesiásticas e mesmo pastorais para os fiéis, que estão se tornando cada vez mais exigentes.

Podemos concluir, portanto, que se a essência do ministério pastoral e o seu conteúdo continuam inalteráveis, o que deve ser mudado é a forma de como o pastor vai interagir com esse conteúdo, sobretudo, como poderá utilizar as ferramentas do nosso tempo, em prol ao Reino de Deus? O conselho de Paulo aos Efésios pode nos ajudar, Efésios 5.15- 16: “Portanto, sejam cuidadosos em seu modo de vida. Não vivam como insensatos, mas como sábios. Aproveitem ao máximo todas as oportunidades nestes dias maus”.

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