terça-feira, 30 de março de 2021

Por que é tão difícil crer no amor?

 

Amor fácil, rápido e tranquilo, só mesmo nos filmes de Hollywood. Fora isso, amar é dificuldade na certa, ainda mais quando as referências do que é amor e ser amado são manchadas por questões familiares, das quais não conseguimos entender, nem mesmo quando somos adultos. A fase em que mais precisamos ser amados, e termos um referencial de amor, pode ser extremamente prejudicada pelo ambiente em que se vive. A criança indefesa, à espera de um colo, de um aconchego, de um abraço, e de afirmação, pode ter seu imaginário e inconsciente destruído por aqueles que deveriam prover não só o pão de cada dia, mas também o amor. Vale lembrar que estes mesmos que não proveram o amor, ou acharam que proveram, não o fizeram intencionalmente, mas sempre inconscientemente, dos quais não se lembram, e se forem lembrados, se negam, e negarão até o fim. Sendo assim, “quem pecou?” a criança ou seus pais? Nenhum dos dois, mas foi assim, para que se manifeste a glória de Deus.

                A medida que a criança cresce ela pode desenvolver um trauma por falta de referência do que é amor. Se eu não sei o que é amor, nunca saberei quando de fato for amado, e logo, também não saberei amar. O amor sempre será uma dúvida cruel no coração daqueles que foram desprovidos dessa referência.

                Quando somos amados “demais”, quando somos benquistos pelos outros, desconfiamos imediatamente, pois se nunca fui amado assim, por que estou sendo agora? E se desconfio do amor alheio, me fecho, me tranco (a exemplo de uma ostra), me bloqueio, me travo, me questiono a ponto de desconfiar do meu próprio potencial de ser amado. É como se eu não pudesse ou não tivesse o direito de ser amado, e quando isso acontece, é algo incomum, algo paradoxal, e não regra. É como se eu tentasse gritar para as pessoas, “pare de querer me amar, eu não tenho direito de ser amado(a)”, procure outra pessoa digna de ser, pois eu não o sou.

                O inverso também é um problema, quando somos amados de “menos”, ou não somos amados, isso também nos faz mal, pois apenas ratifica e apunhala nossa ferida, fazendo-a sangrar ainda mais. E quando ela começa sangrar, eu não quero estancá-la, nessa hora, eu quero mesmo é que todo o sangue escorra, e que eu morra, já que, que vantagem, ou alegria se tem em uma vida onde se não é amado?

                O cético ao amor sofre, sofre porque não teve referências de amor, e por isso, fica difícil em acreditar no amor. Também sofre porque quando é amado, duvida de si mesmo, e também duvida do amor do outro.

                Porém, não é apenas o cético ao amor que sofre, sofre também os que amam o cético. Sofrem porque estão sempre buscando tentativas de “provar”, primeiro, que o amor existe, que o amor é verdadeiro, que é possível ser feliz, que é possível ser amado. Quem ama o cético também sofre, porque sempre seu amor é colocado em dúvida. Nunca seu amor é crido, nunca seu amor é totalmente aceito, seu amor sempre será visto com ressalvas, com interesses, com segundas intenções e coisas do tipo.

                A vida do cético, e também a vida de quem ama é difícil de fato. Não ter tido uma criação com referências abundantes de amor podem de fato causar ceticismo a qualquer um. Mas para curar um cético, Deus dá crédulos no amor. Com essa mistura, entre ceticismo e credulidade, haverá uma balança sóbria e racional do amor. Nem demais para não parecer pieguice, e nem de menos, para não parecer frivolidade.

                O Senhor Deus dá uma palavra a todos os seres humanos, tanto aqueles que passaram por problemas de referências de amor, quanto aos que não, essa palavra está em 1.Co. 13.4-7: “4 O amor é paciente e bondoso. O amor não é ciumento, nem presunçoso. Não é orgulhoso, 5nem grosseiro. Não exige que as coisas sejam à sua maneira. Não é irritável, nem rancoroso. 6Não se alegra com a injustiça, mas sim com a verdade. 7O amor nunca desiste, nunca perde a fé, sempre tem esperança e sempre se mantém firme”.

                Chegará um dia, em que o cético será convertido totalmente em amor, e nada mais atrapalhará aquilo que Deus preparou para o coração daqueles que deixaram pai e mãe e se uniram a seu esposo(a).

quinta-feira, 11 de março de 2021

O Filósofo e o Cacique!

 

Já era noite quando chegamos à aldeia. Éramos um grupo entre curiosos, pesquisadores, turistas, e eu estava no meio, talvez eu me incluiria entre o grupo dos curiosos. A equipe foi dividida entre as ocas, estávamos muito cansados pela viagem, sobretudo pela extensa estrada de chão. Como estava muito escuro, não dava pra saber de fato onde estávamos, em qual oca, quem eram as famílias que nela habitavam. Como não acompanhei toda a equipe, passo então a falar de mim, da minha experiência.

            Por algum motivo, talvez coincidência ou algo simplesmente aleatório, eu acabei ficando justamente na oca do Cacique, do chefe de toda a aldeia, mas isso eu só pude saber no outro dia. Fui direcionado a uma rede para dormir, emprestada por um jovem, filho do Cacique, Yariri era o nome dele, muito simpático, e falava português, coisa que a maioria da aldeia não. Quando cheguei a rede, eu estava um tanto preocupado entre o que fazer e não fazer naquele lugar, medo de “errar” em alguma coisa. Eu percebia olhos fitos em mim, com ar de espanto e assombro, a semelhança dos primeiros filósofos quando pensavam acerca da vida. Como eu queria fazer o mínimo de barulho e movimentos possíveis para não chamar a atenção, deixei minha mochila no chão, e me deitei.

            A ansiedade tomava conta do meu coração, juntamente com a fome e cansaço. Eu queria dormir, mas o sono não vinha, pois meus pensamentos assaltavam minha mente, pois não parava de imaginar como seria o outro dia. Como eu deveria me comportar, falar, perguntar? Enfim, um misto de ansiedade e euforia estavam em mim naquele momento.

            Peguei no sono, não sei que horas eram, já que estava sem relógio, e o celular desliguei, para que eu não me remetesse a ele, até porque na aldeia, tão distante da cidade, não tinha sinal de internet. Isso eu achei bom, pois seria uma forma de eu me desligar do mundo “real” e imergir na cultura indígena. Nessa noite não me lembro de ter sonhado, mas ainda estava escuro quando percebi a movimentação na oca. Os indígenas falavam no seu idioma, e eu sem saber absolutamente nada do que estavam falando. Também, quem manda estudar filosofia, se estivesse estudado linguística e se aprofundado em antropologia, talvez teria melhores chances. Bom, mas isso agora não vem ao caso. A movimentação aumentava, e uma voz distinta ecoou na oca, como que se fosse uma ordem, assim deduzi, porque todos começaram a acompanhar o cacique. E eu sem saber o que fazer, fui junto.

Minhas inquietações e estranhamento com os indígenas começou logo àquela hora. No melhor do sono eles estavam levantando, e eram todos, digo todos porque mesmo que escuro, quando saímos da oca, haviam velhos, homens, jovens e crianças, ou seja, todos se levantaram sob a ordem do cacique. Postos a fora, o cacique foi a frente, e os pertencentes daquela oca atrás, e eu, junto. Quando olhei para o lado e para trás, vinham também outros indígenas de outras ocas, e os participantes do meu grupo juntos. Eu porém, fiquei sempre perto do Yariri, o filho do cacique, já que ele apesar de bem jovem, falava português, o que me ajudaria e muito ali. Na caminhada percebi que estávamos indo para um rio, ao fundo da aldeia, talvez uns 200 metros mais ou menos. Quando eu vi o rio, imediatamente me veio um insight, não é possível que os indígenas vão tomar banho a essa hora, quando o sol ainda nem saiu. E diga-se de passagem, estava friozinho, e eu só pensava em continuar dormindo, e quando acordasse para tomar banho, que fosse em um chuveiro quente. Mas como nem energia elétrica havia na aldeia, longe estava eu de um banho quente. A medida que caminhávamos, o dia amanhecia, então presumi que deveria ser umas 5 horas da manhã, e pensei, isso só pode ser coisa de doido, quem em sã consciência vai tomar banho as 5 da manhã, e ainda banho de rio? Com velhos e crianças ainda, até mesmo bebês de colo. O que me intrigou é que eles estavam sãos em suas consciências sim, para mim é que era estranho. Chegando no rio, todos correram e pularam, felizes, animados, sorrindo, e sempre falantes. Eu não pulei no rio não, entrei de ponta de pés, me tremendo todo. Quando eu estava no rio, pensei, cadê o sabonete? Perguntei ao Yariri sobre isso, ele apenas sorriu, e perguntou, sabonete? Sorriu novamente. Eu então fiz como eles fizeram, passei a mão no corpo e tentei imitá-los o máximo possível.

            Acabando o banho, voltamos a aldeia, cada grupo para sua oca, e eu fiquei pensando, que agora seria o café da manhã. Como não vi nenhuma vaca naquele lugar, logo inferi que não haveria leite pra mim. Tá bom, talvez um café ou chá, ou um pão francês. Nada disso. Meus costumes urbanos nada tinham a ver com o dia a dia da aldeia. Os indígenas da oca em que eu estava, se dirigiram para o fundo da oca, lá havia um fogo aceso, e as senhoras indígenas preparam a tapioca, que minha finada mãe chamava de biju. Pensei, opa, biju é bom. Foi servido biju (tapioca) a todos, e eu comi bastante. A tapioca deles não era apenas do tamanho de um prato de cozinha, era muito grande, talvez umas 15 polegadas de diâmetro, o que alimentava bastante gente. Tapioca tinha, mas nada para beber de acompanhamento, nem café, nem chá, muito menos leite. Tudo bem, eu estou na aldeia, preciso fazer minha alteridade[1]. Após esse momento do “café da manhã”, cada um foi fazer alguma coisa. As crianças foram brincar, as mulheres foram fazer artesanato, as senhoras foram ralar mandioca para deixar preparado massa para tapioca, os homens saíram, creio que caçar, e os jovens ficaram por ali, alguns nas redes, e outros fazendo artesanatos também.

            O sol esquentou muito, e eu já estava perdido no tempo, não sabia que horas eram, e naquela altura eu só pensava no almoço. Passou muito tempo, e não via ninguém “batendo panelas”, para almoçarmos. Passou muito tempo, e eu estava com muita fome, mas com vergonha de pedir. O que percebi, é que eles não tinham um horário para comer regularmente, como por exemplo, almoçar ao meio dia. Cada um ia lá na “cozinha” e pegava um pedaço de tapioca e comia. Yariri me disse que geralmente eles comem alguma carne de caça, ou peixe com tapioca. Mas até aquele momento não havia aparecido nenhuma caça, nem mesmo peixe. Eles tinham um sal feito de algas do rio, misturado com pimenta kumari, bem saborosa, porém ardida. Eu que era visitante pensei, mas que modos estranhos tem esses indígenas, não prepararam “nada” para o visitante, se fosse na minha casa, eu teria feito um almoço para eles.

            Passado o tempo, o sol já começava a se por, e a medida que se punha, cada um procurava sua oca, quando escureceu, já estava cada um na sua rede. Nesse dia, a alimentação foi a tapioca, água em um pote de barro feito pelos próprios indígenas, que se tomava com uma concha feita de cabaça. Banheiro, bom deixa pra lá....

            Estava eu novamente na rede, agora com mais perguntas do que respostas. Uma coisa que foi fácil descobrir, é que eles se orientavam pelo sol e pela lua. Próximo de sair o sol, era o banho, e dia de sol significava trabalho, e quando a noite chega, significa dormir. Mas dormir tão cedo? Imagino que deveria ser umas 19h, segundo meu horário biológico, e deve ser por isso que acordam tão cedo e tão dispostos. Pensei, amanhã na hora do serviço dos homens, vou me aproximar do cacique, e pedirei ao Yariri para ser meu intérprete.

            Bem de manhã, antes do sol sair, o ciclo se repetia, vozes em língua indígena, movimentação, marcha pro rio, banho, tapioca e artesanato. Eu já sabia como era, então foi mais fácil naquele dia. Me aproximei de onde o cacique estava, e sentei perto dele. Fiquei um tanto desconfortável, por que não só ele, mas todos estavam nus, e eu não fiquei a vontade de fazer o mesmo, assim, fiquei apenas de calção, bem simples. Eles estavam nus, e não se envergonhavam. Isso me fez lembrar imediatamente o Gênesis, a respeito da história de Adão e Eva. Mas quem estava com vergonha era eu, principalmente em relação as mulheres, pois estavam nuas, e era absolutamente normal para elas, o que me constrangia.

            Quando estava ao lado do cacique, chamei Yariri para me interpretar. Perguntei ao cacique que dia era hoje? Yariri falou com ele no idioma, e o cacique me respondeu com outra pergunta, o que é o dia. Pronto, agora o cacique vai querer discutir filosofia comigo. Ele apenas sorriu quando me devolveu a pergunta. Falei então pra ele, ora dia, dia de 24 horas, o tempo. Quando meu interprete falou isso pra ele, ele novamente me respondeu com outra pergunta, o que é tempo. Agora você apelou, pensei. Como assim, o que é o tempo? O tempo é o tempo “ué”. Não adiantou nada minha resposta. O cacique disse que para os indígenas não existem dias, semanas, meses ou anos, não existem feriados, domingos nem segundas, todos os dias são dias, todos os dias são únicos. Eu imediatamente cocei a cabeça e a barba, com uma clara sensação de inquietação, e fiquei pensando, olhando fixamente para o cacique, seu filho, e para toda aldeia. Como assim não existe dia, e o que é o dia? Perguntei novamente ao cacique, o que era o dia, ele respondeu, hoje, e sorriu.

            No meio dos meus questionamentos, alguém chamou o cacique, e ele teve que sair. Fiz mais algumas perguntas ao Yariri a respeito da sua cosmovisão indígena, costumes, crenças e cultura etc. Mesmo que estavam trabalhando, me levantei, e fui pra minha rede. Deitado elucubrei até a tardezinha. Fiquei pensando nas duas perguntas do cacique para mim, e ponderei que ele entendia mais de filosofia que eu. Mas ele não estudou filosofia, como sabe mais que eu que a estudo? As perguntas do cacique de alguma forma “desmontaram” minhas teorias. Elas fizeram uma espécie de virada espistemológica[2]. O cacique era kantiano[3], não que ele soubesse disso, mas as ideias de Kant estavam presentes na mentalidade de um povo remoto, quase que isolado da “civilização” (civilização entre aspas, pois agora já não sei o que de fato é civilização). Para Kant, o tempo é apenas uma categoria mental, é uma representação para termos referência de um ponto ao outro, de início e fim etc. Para Kant, o tempo é construído no imaginário do homem, o tempo não existe, ele é uma representação, uma ideia de referência.

            Agora que tive que dar a mão à palmatória de Kant, voltei a pensar na rotina dos indígenas. E o que mais me intrigou foi que eles não usam o conceito de tempo. Para eles, qualquer dia é dia. Qualquer dia é domingo, ou quinta, ou sábado, tanto faz. Eles não fazem usos de agendas, anotações ou calendários. A única referência é o sol e a lua, o dia e noite, fora isso, é hoje, hoje é hoje. Eles não tem preocupações com o amanhã, com o devir[4], eles não tem horas, compromissos, reuniões, eles vivem. Diante de cada reflexão, novas perguntas nasciam. O que é viver? Como viver? Como ser feliz? A equipe por exemplo que veio visitar a aldeia, todos de nós, temos muitos afazeres. Hora para chegar e hora para ir. Agendas, atividades, compromissos, prestações de contas, prazos etc. Cada um de nós quando voltarmos para nossas casas, se encontrará com pilhas de papel, boletos, e-mails, mensagens etc. Sendo assim, isso é que é vida? Eu que cheguei até a aldeia desprezando-os em meu coração, agora estou convencido de que eles vivem, e nós existimos. Eles desfrutam o hoje, eles não tomam remédios para ansiedade, eles não tem crises de pânico, nunca ouviram, e nem ouvirão o que é um rivotril[5], enquanto nós “modernos”, “civilizados” estamos dopados tentando arranjar forças, para darmos conta do bendito tempo, enquanto eles não se preocupam com isso.

            Três dias na aldeia, e apenas duas perguntas do cacique, foram suficientes para eu poder rever minha própria vida e conceitos. Cheguei naquela aldeia com pré-conceitos, pré-julgamentos, e como todo “branco” urbano, me sentindo mais “desenvolvido”, “avançado” que os indígenas, mas descobri que estamos absolutamente atrasados em relação a vida. O contraste entre o filósofo e o cacique, foi o paralelo entre o conhecimento e a sabedoria. Eu de fato me arrogava com muito conhecimento, enquanto os indígenas eram apenas analfabetos, mas descobri que inteligência e sabedoria são coisas totalmente diferentes. Eles não foram para uma escola regular, muito menos uma faculdade, mas a sabedoria demonstrada em relação a vida, me deixou impressionado, perplexo, boquiaberto.

            A estada na aldeia, não foi boa confesso, por conta daquilo que eu considerava como conforto e importante, como cama, mesa e banho. Contudo, essa foi uma das melhores viagens e experiências da minha vida, sobretudo por ter conhecido aquele povo, e o cacique. A partir de então, continuei a viver na cidade, a ter compromissos, mas agora com muito menos ansiedade, passei a dar mais e menos valor ao tempo. Mais valor porque o hoje é importante, o amanhã talvez não existirá, e menos porque independente do que eu faça, de quantas agendas e compromissos eu tenha, o “tempo” passará igual. Aqueles três dias, foram a escola da vida, onde o cacique ensinou o filósofo!



[1] O conceito de alteridade refere-se ao processo de interação e socialização humana no convívio entre o “eu” e o “outro”. https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/conceito-alteridade.htm

[2] A epistemologia é o ramo da filosofia que se ocupa do estudo da natureza do conhecimento, da justificação e da racionalidade da crença e dos sistemas de crenças, em outras palavras, de toda a Teoria do Conhecimento. https://www.infoescola.com/filosofia/epistemologia

[3] Quem concorda com as ideias do Filósofo alemão, Immanuel Kant.

[4] Passar a ser; fazer existir; tornar-se ou transformar-se. https://www.dicio.com.br/devir

[5] O clonazepam pertence a uma classe farmacológica conhecida como benzodiazepinas, que possuem como principais propriedades inibição leve das funções do sistema nervoso central permitindo assim uma ação anticonvulsivante, alguma sedação, relaxamento muscular e efeito tranquilizante. Em estudos feitos em animais o medicamento inibiu crises convulsivas de diferentes tipos, devido a sua ação diretamente sobre o foco epiléptico e também por impedir que este interfira na função do restante do sistema nervoso.[2] É comercializado pelo laboratório Roche com o nome de Rivotril ou Navotrax na Europa, Ásia, América latina e Oceania e Klonopin nos Estados Unidos. Em maio de 2009, o clonazepam era o medicamento de tarja preta mais vendido do Brasil.[3] https://pt.wikipedia.org/wiki/Clonazepam

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

A IMPORTÂNCIA DA ATUALIZAÇÃO NO MINISTÉRIO PASTORAL

Há quem diga que servir a Deus nos tempos de Pedro ou Paulo era mais fácil, talvez por acreditar que as manifestações de Deus eram mais frequentes, e com isso havia mais “poder” de Deus à disposição da igreja e de seu povo. Porém, na prática, o que percebemos é que não era tão fácil, ou mais fácil que hoje. É um engano pensar que a nascente igreja vivia em perfeita harmonia e paz, pois além das questões internas, ainda havia as perseguições impostas aos crentes pelo Estado Romano, e quando eram pegos, poderiam ser chicoteados e até mesmo levados à morte.

Mas, e ser pastor nos dias de Paulo? Pastorear sob pressão não é bom nem naquele, nem no tempo presente. Contudo, naquele, a pressão dizia respeito a “clandestinidade” da fé, uma vez que esta era considerada uma ameaça à pax romana, e transgressora da ordem. Pastorear sob a influência do judaísmo e da filosofia grega, principalmente o Epicurismo e o Estoicismo (cf. At. 17.18), também era um grande desafio, principalmente para sustentar doutrinariamente o Cristo ressurreto. Outro problema daquele tempo, era a questão logística, e a grande demora em que as informações se desenvolviam. Paulo, provavelmente foi o que mais sentiu as dificuldades do pastoreio epistolar, ou em forma de missivas, dado a grande demora que estas exigiam para chegar ao destinatário, em média de dois a três meses, dependendo da localidade.

Porém, não estamos nos dias de Paulo, mais de 2 mil anos se passaram, e mudanças sem precedentes aconteceram, passando a exigir uma nova didática, novos competências e diversificados talentos para este novo tempo, sem, contudo, perder a essência da palavra de Deus. De certa forma, podemos dizer que o ministério pastoral precisou ser atualizado, reformulado, reciclado e renovado.

Podemos perceber as mudanças impostas ao ministério pastoral, na medida em que a sociedade muda e se transforma. Se pensarmos a sociedade brasileira nos últimos 50 anos, veremos nitidamente essas transformações. Nas décadas de 1970/80, tínhamos uma igreja de modo geral ascética, quase separada totalmente do mundo, com particular ênfase na questão dos usos e costumes e com um apelo direcionado às questões escatológicas. Nesse período, muitas pessoas ainda viviam na área rural, havia pouca e lenta comunicação, onde algumas igrejas utilizavam-se apenas o rádio como forma de propagação do evangelho, pois a TV era considerada um instrumento não sacro.

A partir da década de 1990, a televisão se tornou um item indispensável na casa dos brasileiros, tornando-se um grande desafio para as igrejas e os pastores, pois nas décadas anteriores a mesma era vista como anátema, mas, no período pós década de 90, ela passou a ser utilizada como canal de propagação do Evangelho. O pastor por sua vez, em relação ao uso da televisão, por parte dos crentes, oscilava entre o sagrado e o profano, todavia, seriam as decisões de sua denominação que validariam ou não o uso desse eletrônico.

Cabe destacar, que as principais mudanças aconteceram, a partir dos anos 2000. Com o advento da internet e com a popularização do celular a comunicação entre o pastor e suas ovelhas foi facilitada. O processo de adaptação do pastor às novas tecnologias de informação e comunicação foi desafiador. Com o surgimento das redes sociais, aplicativos de mensagens e a velocidade das informações, o pastor foi desafiado, sob pena de tornar-se obsoleto, a acompanhar as modificações tecnológicas e delas se apropriar, tanto na espera da vida pessoal quanto ministerial.

O pastor, além do dever de cultivar uma vida devocional abundante, ser dedicado ao estudo da Palavra e cortês no trato com o rebanho, precisa também estar atento às novas tecnológicas da chamada era digital. Em um mundo onde tudo se transforma velozmente, o pastor precisa gerenciar até mesmo o que acontece nos grupos de aplicativos, como o Telegram e WhatsApp da igreja, estar atento ao que está sendo veiculado na mídia, saber qual o assunto do momento, etc. São as novas demandas do ministério pastoral.

O pastoreio no século XXI nos levou a uma necessidade de atualização ministerial jamais imaginada. Cabe salientar, entretanto, que a essência do chamado pastoral continua estritamente o mesmo, o que mudou foi a forma como o pastor interage hoje com suas ovelhas. Ele tem de pastorear e ao mesmo tempo “competir” de modo digital. Ele foi desafiado a ir para as redes sociais e publicizar os eventos e o andamento de sua igreja. Isso acabou por abençoar a vida de muitas pessoas que, de alguma forma, não poderiam ir à igreja e, com as mídias sociais, passaram a ter um acesso virtual. No entanto, a competição reside no fato de que a era digital apresentou novas possiblidades eclesiásticas e mesmo pastorais para os fiéis, que estão se tornando cada vez mais exigentes.

Podemos concluir, portanto, que se a essência do ministério pastoral e o seu conteúdo continuam inalteráveis, o que deve ser mudado é a forma de como o pastor vai interagir com esse conteúdo, sobretudo, como poderá utilizar as ferramentas do nosso tempo, em prol ao Reino de Deus? O conselho de Paulo aos Efésios pode nos ajudar, Efésios 5.15- 16: “Portanto, sejam cuidadosos em seu modo de vida. Não vivam como insensatos, mas como sábios. Aproveitem ao máximo todas as oportunidades nestes dias maus”.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

O mascarado!

 

O mascarado é hipócrita. Ele troca de máscara conforme a necessidade ou a conveniência. É bajulador de seus superiores, mas arrogante com os que lhe são subalternos. É rápido em indicar defeitos, mas tem dificuldade em apontar soluções. Assume compromissos que não terá condições de cumprir, por uma dificuldade absurda de dizer “não”. Sente que é perseguido e prejudicado por todos, mas não aceita quando lhe acusam de ser difamador, maquiavélico e invejoso. Demonstra, em todo tempo, certo vitimismo, e um forte complexo de inferioridade. Lida muito mal com as críticas e, principalmente, com o sucesso do colega. Quer muito ser rei, mas nem sequer pensa em cuidar do rebanho que lhe está na mão, enquanto outros desfilam suas virtudes diante ‘do profeta’ e seguem na senda da vitória e do reconhecimento de seu bom e satisfatório trabalho, diante de Deus.
    Uma identidade saudável e verdadeira é prerrogativa essencial para quem quer ser útil e fazer a diferença onde está inserido. É preciso jogar as máscaras fora. É preciso vencer o medo da rejeição, do abandono e da desvalorização. É preciso deixar de ser refém da demanda pelo amor e o reconhecimento dos outros.
 
Gomes & Cobianchi

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