VIDA DE CÃO!
Waldick Soriano, em sua letra: "Eu não sou cachorro não", queria demonstrar um pouco de um amor não
correspondido. Esta letra chegou até mesmo ser censurada na ditadura militar. A
esta altura (década de 70) ser comparado a um cachorro era ser qualificado com
um adjetivo muito ruim. Quando se dizia então, que o fulano estava vivendo uma vida de cão, você logo saberia que
possivelmente, ele poderia estar passando fome, necessidades, estar preso ou
até mesmo ter recebido a famosa gaia,
chifre ou similares. Enfim, vida de cão era uma vida desgraçada.
Com a crise dos paradigmas em que o mundo
passou na guerra fria, os modelos, e utopias abalaram-se, e a sociedade passou
então por grandes transformações com o advento da mídia, e a conseqüência disto
foi que a cabeça das pessoas mudaram,
e os valores foram transformados e prioridades invertidas.
E na Era
Pós-moderna o seres humanos estão em busca de algo que não sabem o que é, e
desta forma acabando sublimando seus anseios e necessidades projetando-se em
bens materiais ou qualquer outra coisa que traga satisfação e alegria. E nesse
conjunto encontram-se os animais de estimação, e que, diga-se de passagem, já é
uma receita de psiquiatras e psicólogos para curar a depressão.
Nunca se gastou tanto com caprichos aos bichanos. Estima-se que o mercado de
Petshops movimenta cerca de R$ 15 Bilhões por ano (http://amis.org.br/downloads/gondola/g124/petshop.pdf). Não vejo problema algum em ter um animal ou
animais de estimação, eu mesmo já tive cachorros na infância, um papagaio
(Lourival, viveu 14 anos), e o último foi um peixe de aquário, o McIntosh.
O
grande problema que vejo, é que nossas prioridades mudaram tanto, e nossa forma
de perceber o “outro”, que estamos desviando o foco de “Amar o próximo, como a
nós mesmos”, para amar ou dar valor a bens materiais e a animais, uma
importância que deveria ser destinada aos seres humanos.
A poucos dias após a divulgação
deste vídeo: (http://www.youtube.com/watch?v=fZtBYbmpxxE) gerou uma onda de protesto e “repúdio” na internet
e redes sociais. Apoio o protesto, sou contra a qualquer maus-tratos aos
animais, deve-se punir mesmo. Mas será que o Estado e a Justiça também não
deveriam usar o mesmo critério para os Rodeios, briga de galo, de cachorros etc.?
Ou ainda, por que não se pune prefeitos, ou melhor, políticos em geral que
participam de desvios de donativos, como foi o caso das catástrofes de Santa
Catarina-SC, de Alagoas-AL e Rio de Janeiro-RJ. Por que não fazem uma onda de
repúdio aos políticos que desviam milhões (Jader Barbalho, Maluf, Palocci etc.,
só três basta, se não o texto ficaria muito longo), que poderiam ajudar a
erradicar a fome e a miséria do Brasil?
Fala
sério, em vez de ficarmos compartilhando vídeos de “Repúdio” contra os maus-tratos a animais, por que não levantemos a
bunda desta cadeira macia e vamos
atrás dos que sofrem e padecem, dos que passam fome e necessidades, dos que
lutam pela sobrevivência, dos que foram marginalizados pelo sistema capitalista.
Dê uma vida de cão para estes, pois os cães de hoje, estão vivendo melhor que
os seres humanos. Está na hora de revermos nossos valores!
Jesus
nos disse: “Porque tive fome, e destes-me de comer; tive
sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; Estava nu, e
vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e fostes ver-me. Então
os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te
demos de comer? ou com sede, e te demos de beber? E quando te vimos
estrangeiro, e te hospedamos? ou nu, e te vestimos? E quando te vimos enfermo,
ou na prisão, e fomos ver-te? E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos
digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes”.
Mt. 25.35-40
Obrigado!