QUANDO AINDA HAVIA DESESPERO!

No sábado,
trabalhava até umas 14h e depois já fazia a velha cotinha para comprar bebida novamente, cerveja, vodka, e (pinga
dependendo de como estava o bolso), isso acompanhado novamente de música e
cigarros, até mais ou menos umas 19h, e que na nossa linguagem, já dava para
dar um raio (ficar meio embriagado).
Dormia até as 22H, e então
saía novamente para rua para repetir a sexta-feira, só que com mais
intensidade, pois a avenida estaria cheia,
o som seria mais alto, e a bagunça também. O som causava uma espécie de reação
em cadeia. Som chamava cigarro, cigarro bebida, bebida chamava várias coisas,
como paquera e polícia etc. Depois da 1h da manhã, havia um deslocamento da
avenida para o clube ou para a danceteria (a única da cidade). Dentro destes
locais se repetia o processo da reação em cadeia, tudo novamente. A festa
encerrava-se na maioria das vezes tranqüila, e era uma ou outra vez que via uma
briga.
Acabando
a festa, e depois de ter feito de tudo um pouco, coisas lícitas ou não, ainda faltava ir a um lugar antes de chegar em
casa: a Feira municipal. Para mim ainda não havia acabado o sábado, faltava
tomar um suco, e comer alguma coisa, para ajudar a curar a ressaca. Do outro
lado, estavam pessoas que levantaram de madrugada, e ao contrário da maioria,
não para “festar”, mas para trabalhar arduamente, e nesse contexto uma frase do
Marcelo D2 resume: “Enquanto uns choram, outros mesmo devoram”. Enquanto uns
ali bagunçavam e faziam moagem
(resultado de quem bebeu a noite inteira), do outro lado do balcão haviam
pessoas que estavam sacrificando seu sono em detrimento do trabalho e sustento.
Depois de tudo isso, chegava em casa pela manhã, e diga-se de passagem, o sol
já havia nascido.
No
domingo, dormia até umas 15h da tarde, acordava e ia direto tomar um tereré
para curar a ressaca, depois comer alguma coisa. De tardezinha, ia novamente
para a rua, mas agora mais tranqüilo, com menos bagunça e cachaça e mais
tereré, pois o dilema estaria só começando. A ressaca moral já começava dar
sinais, e tudo começava a ficar mais comedido, reflexivo e existencialista.
Ainda havia bebida e cigarro, mas agora somente cerveja, e pouca ainda, e as
músicas também mudavam, da eletrônica/pancadão para o pop e o rock, do tipo Red Hot Chili Peppers (Soul to squeeze) e coisas do gênero. Quando
chegava as 22h, já não havia quase ninguém na rua, então era sinal de que já
era a hora de ir embora, pois a segunda-feira não aguardava ninguém, ela
chegaria mesmo. E quando botava a cabeça no travesseiro, se ele falasse...,
denunciaria quem eu era, alguém que não sabia quem era ou que queria.
Segunda
feira pela manhã já havia um yellow smile
(sorriso amarelo), mas disfarçava, pois era dia de contar os B.Ó.s ou bafões do final de semana, e ainda olhar nos sites da cidade para
ver se havia saído em alguma foto, para alimentar o ego. Neste dia nem queria
saber de bebida, cigarro ou música eletrônica etc., só tereré mesmo e Red Hot.
O
que havia de semelhante neste processo, é que ele era cartesianamente igual, ou seja, acontecia sempre da mesma forma. E
com o passar do tempo, comecei a me perguntar, se isso é que era felicidade?
Isso me completava? Isso que eu queria para minha vida? Por que depois de um
final de semana badalado sempre eu ficava triste e depressivo? Por que eu
estava me sentindo infeliz, se tudo o que sonhei e busquei, (mesmo que pareça
fútil), eu tinha. Tudo que um jovem do meu contexto queria eu tinha, carro,
som, festa, mulherada, dinheiro suficiente etc., mas o que me faltava?
Comecei a perceber que as festas
e sua reação em cadeia eram somente um refúgio onde eu estava me abrigando a
muitos anos. Percebi que quanto mais eu buscava essa vida de festas mais eu me angustiava ou me
decepcionava. Percebi que eu estava Parecendo
e não Sendo. Percebi que havia um
desespero na minha alma e tudo isso era somente a ponta do iceberg. Por muito tempo fingi ser feliz, e enquanto muita gente
dançava e se alegrava com meu som, eu chorava por dentro. Enquanto alguns
queriam ter a vida que eu tinha, eu queria ter a vida de outros, uma vida
feliz. Não poucas vezes vinha a minha mente a seguinte uma pergunta e afirmação:
O que estou fazendo aqui? Aqui não é o meu lugar!
Depois
de conviver muito tempo com este dilema e buscando respostas, cheguei à
conclusão: eu era uma pessoa infeliz. O problema é que busquei a felicidade nos
lugares errados, como álcool, cigarros, festas etc. Ora, mas qual é o segredo
da felicidade, qual o segredo da paz? Onde estavam?
Simples, eu já
sabia, mas nunca quis admitir ou dar o braço a torcer, estavam em Jesus, Ele
era a resposta para minha vida e para os meus dilemas. Eu que tinha coragem
para tomar bebida forte, dar cavalo de pau, empunhar uma armar, querer brigar,
experimentar alucinógenos, por que não teria coragem de conhecer Jesus a fundo?
Se tudo o que buscava me fez mal, queria então experimentar o outro lado da
moeda. Se aquilo que sempre busquei (festas) era a felicidade então eu queria
saber como era a tristeza.
Mas
eu estava completamente enganado, o que encontrei em Jesus, não foi tristeza, e
sim alegria e paz. Descobri que Ele havia dado sua vida por mim, então dei
minha vida para Ele. E Este me deu sentido e motivação para viver. Hoje já não
faço uso de qualquer prática descrita acima, não uso mais qualquer artifício ou
subterfúgio para me alegrar, pois Jesus alegrou minha vida, me fez uma pessoa
feliz. Hoje levo uma vida pacata e modesta, longe de badalações e até mesmo de
muitos “amigos”, mas suficiente para ser quem sou. Hoje coloco minha cabeça no
travesseiro, e tenho certeza de que se ele falasse, diria que já não choro mais
de desespero, e sim de alegria.
Tenho dificuldades, ansiedade e fico
triste ainda? Claro que sim, como qualquer ser humano, pois o mesmo Jesus nos
havia dito: “No mundo tereis aflições,
mas tende bom ânimo eu venci o mundo” Jo.16.33, a diferença é que sei onde
está meu socorro e refúgio. A diferença é que tenho motivações para lutar, e
como lutar, e ao lado de quem lutar. A diferença é que minha vida mudou.
Já
faz oito anos que entreguei minha vida a Cristo e de lá para cá, tenho vivido
os anos mais felizes da minha vida, e as palavras não conseguem descrever quem
e como sou hoje, pois já não existe desespero...
“Eu
sei que eu ainda não sou quem eu deveria ser, mas eu também sei que já não sou
quem eu era”. – Martinho Lutero.
Obrigado!
parabéns amigo.
ResponderExcluirParabéns!!!! Deus o abençoe.
ResponderExcluirQue Deus abençoe muito você e sua família. Abraços e fique na paz do Senhor www.mensagensedificantes.com
ResponderExcluirJean, esse seu texto é um primor literário e descritivo, mas sobretudo espiritual. É de uma profundidade ímpar! Fico feliz que o Deus que acreditamos faça tantas obras maravilhosas! Veja o meu caso: ex-ateu. "O Senhor é o meu Pastor e nada me faltará", isso implica que dificuldades também não faltarão, afinal, NADA faltará. Mas tê-Lo ao nosso lado basta. Quem tem qualquer outra coisa tende, tantas e tantas vezes, a um vazio. Era esse o seu caso, esse também o meu, mas sem saber que era de ordem espiritual. Enfim, tenho orgulho de você e parabéns! Deus abençoe muito!
ResponderExcluirParabéns, Jean
ResponderExcluirAbraço em tua meninas.