segunda-feira, 21 de março de 2011

TEOLOGIA DA CRUZ: UM DESAFIO A ATUALIDADE!

A Igreja brasileira nos dias atuais de um modo geral perdeu seu foco. Ou seja, não sabe a que porto se dirige. Isso é conseqüência da mudança dos paradigmas sociais que o mundo tem vivenciado, onde alguns vão chamar de pós-modernidade, e esta transformação tem afetado a igreja e quem arca com o prejuízo é o Reino de Deus. O imediatismo, a necessidade de poder, a síndrome do sucesso tem causado um grande estrago no seio da igreja brasileira, pois necessitamos de resultados imediatos, e a igreja passa ser somente um condutor para meu sucesso, sendo este Pastoral ou pessoal (ovelha). A igreja tem passado de fim para o meio. Deixa de ser o fim único proposto por Jesus como agência do Reino de Deus, e passa a ser o meio no qual pessoas tem buscado a igreja e também o ministério pastoral para seu benefício e status.

O resultado da igreja como meio tem modificado as “boas novas” de Cristo, e essas boas novas tem sido tão boas, mais tão boas que passa a ser “o que há no momento”, pois descobrimos que através delas teremos nosso sucesso pessoal e terreno. E se as boas novas da antiguidade (primitiva-bíblica) chamavam a uma vida de compromisso, renuncia e santidade buscando somente a eternidade, as boas novas pós-modernas colocou novamente o homem no centro de tudo, e busca somente o hoje e agora, não se importando nenhum pouco com a eternidade, pois o céu já é aqui. Assim, vemos que “Prosperidade nem sempre combina com Posteridade”.

Um evangelho que não prega a cruz de Cristo, não pode ser chamado evangelho. E se não temos visto nossas igrejas a dar ênfase à cruz, perdemos nosso sentido de ser e estar. Se a igreja pretende voltar aos ideais do Novo Testamento, deve imediatamente buscar suas raízes e entender a importância e total relevância da Teologia da Cruz, pois é a partir da cena do calvário que conseguiremos ver o Deus-homem sendo esvaziado da sua glória e dando-a somente ao pai. 
A teologia da cruz nos convida a colocar Deus à frente, e a nos ocultarmos para que somente Ele apareça. A teologia da cruz fala de mortificação da nossa carne, deixando todo eu morrer para Cristo viver em nós. A teologia da cruz nos ensina a recitar: “Pai perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem”, e também a amar e ter compaixão pelo próximo e o perdido.                 
A teologia da cruz nos trás o verdadeiro sentido do evangelho. Se a igreja quiser resgatar sua identidade, basta olhar e viver a cruz de Cristo, pois nela Deus é o centro e não o homem pecador.
Obrigado!

quarta-feira, 16 de março de 2011

UM POR TODOS E TODOS POR UM, E DEUS POR NÓS!

Estamos vivendo dias em que cada vez mais estamos evidenciando a frase: “Cada um por si, e Deus por todos”. Quando deveríamos viver, ou pelo menos dizer: “Um por todos e todos por um”.
Esta última tem sido algo paradoxal em uma sociedade ultra-capitalista, a sociedade do ter, comprar, possuir. A mídia tem nos envolvido de tal forma, que hoje a TV de 29 polegadas já é coisa do passado. E o que dizer dos celulares? Quem não tem mais de um em casa, com todos os recursos tecnológicos possíveis.
Seria a mídia a grande culpada dos problemas atuais? De maneira nenhuma, ela simplesmente transmite o que está no coração do homem, ou seja, “A boca fala do que está cheio o coração”. E se o coração do homem tem se corrompido, é claro que o que ele tem para passar é corrupção. Logo o modo de vida das sociedades hoje, nada tem a ver com a sociedade idealizada por Cristo. Os valores do nosso século se perderam bem embaixo do nosso nariz, e mesmo assim, ainda não estamos conseguindo resgatá-los.
A mídia como voz do coração do homem, tem contribuído para que tenhamos um modo de vida escravizante. Ou seja, trabalhamos de 8 a 12 horas por dia; terceirizamos nossos filhos em creches e babas; pagamos vitalícias parcelas; não conhecemos nossos vizinhos; não temos tempo para nossa família; e se não estivermos cansados no domingo, um tempinho para Deus. Tudo isso a troco de que? A troco do ter, comprar, possuir! E essa mentalidade de que temos que nos atualizar junto com a tecnologia, tem nos feito escravos do sistema moderno, e o resultado tem sido avassalador.
Assim, não estamos mais conseguindo enxergar o nosso próximo, nem no sentido bíblico, nem no sentido geográfico. As palavras amor e humildade cristã estão entrando em extinção, pois o que se vê é, “Cada um por si, e Deus por todos”. Estamos em um estágio pior do que o do “servo inútil”, pois ainda ele fazia suas obrigações. E nós? Nós temos sido reacionários e convenientes a muitas coisas, estamos semelhantes ao jovem rico, que ao ser tocado na ferida, entristeceu-se muito.
Mas, alguém poderia perguntar: Não há no nosso século as “campanhas solidárias”, a mídia também não tem se empenhado para ajudar o próximo? Sim, mas sempre estas ajudas carregam consigo interesses particulares de políticos, ou de algum esquema de corrupção, pois até mesmo na desgraça alheia pessoas tem tirado proveito, a exemplo das enchentes de Santa Catarina e do nordeste brasileiro, onde doações foram vendidas e desviadas.
Mas, calma, calma. Existe sim, um contexto qual esbocei acima, mas não somos niilistas, cremos sim, que ainda exista um remanescente fiel, que preza pelo próximo como a si mesmo, e são esses pingos d água nesse oceano da individualidade que tem feito à diferença no mundo em que vivemos. O sermão do monte não foi meras palavras, e sim, um divisor de águas em nossas vidas.
Através de Cristo, conseguimos olhar para nosso próximo com um amor, que de fato não vem de nós, mas do próprio Senhor, que nos ensina e nos impulsiona a lutar pela vida, pela humanidade com compaixão, sem interesse próprio, visando somente engrandecer o criador e não a criatura. Se cremos que somos imagem e semelhança do altíssimo, devemos amar suas criaturas, mesmo que elas não tenham nosso ideal político ou religioso, mesmo que não freqüentem nossas igrejas, mesmo que sejam benquistos ou marginais, negros ou brancos, o amor de Deus é incondicional a eles, logo devemos amá-los da mesma forma.
Jesus nos ensina à máxima: “fazer o bem, sem olhar a quem”. Sabemos que não mudaremos o mundo todo, e nem queremos somente um reino material, mas se seguirmos esse princípio baseado nos ensinamentos de Jesus, poderemos melhorar nosso convívio e do nosso próximo, demonstrando que somos verdadeiros Cristãos, não somente em palavras, mas em ações.
Se fazemos o bem, glória a Deus, se o mal, pecado. Toda propensão que temos para o bem, vem de Deus. Logo, se queremos buscar e cultivar o amor e uma vida cristã que evidência Cristo, não existe outro caminho a não ser seus ensinamentos e a seus pés. Ainda há tempo para resgatarmos os valores corrompidos pelo pecado e pela sociedade moderna.
Assim, poderemos dizer: “Um por todos e todos por um”, e Deus por nós.
Obrigado!

terça-feira, 15 de março de 2011

A oração do Pai Nosso na teologia relacional

Pai nosso que estás nos céus, esvaziado seja teu nome. Venha talvez o teu reino, seja feita talvez a tua vontade, quem sabe na terra como às vezes é feita no céu.
O pão nosso de cada dia nos dá hoje. Surpresa! Nós todos queríamos bolo ao invés do pão. E perdoa as nossas dívidas sem expiação, assim como nós perdoamos teus jogos e a tua especulação.
E procure não nos deixar cair em tentação, mas livra-nos do mal como era a tua suposição. Pois teu pode ser o reino e algum poder e grande parte da tua glória, por hoje, visto que não sabes o que será o amanhã. Amém.
Amado leitor [a], você concorda com esta oração?  Deixe seu comentário!
Fonte: Revista Fides Reformata IX, Nº 2 (2004).
Pr Marcello de Oliveira

quarta-feira, 9 de março de 2011

A Graça da Garça - A arte de viver em meio a lama, sem sujar as vestes!

Video muito bom... Se não gostar do RAP, preste pelo menos atenção na letra!

A GRAÇA DA GARÇA!

quinta-feira, 3 de março de 2011

A BUSCA DO CERTIFICADO

Era sexta-feira em 2006, mais ou menos quatorze horas, e na segunda já teria que estar com o certificado à mão, para entregar a Faculdade de História. O grande problema é que o bendito certificado havia atrasado pela instituição de Cambará-PR. Lembre-se que o mesmo era para ter sido entregue em dezembro passado, agora restavam poucas horas para chegar a Maringá-PR., para retirá-lo, já que a mesma instituição em Cianorte-PR., culpou a sede pela demora.
E agora como chegar lá? Ônibus? Não tinha nem horário e nem mesmo dinheiro, a solução era partir para a BR e arranjar uma carona, dessas do tipo de fazer um sinal com a mão. Mas eu dispunha mais do que isso, fiz um anúncio: Carona para Maringá-PR., e algo me ajudava, o meu ponto era em frente ao posto da polícia federal. A ansiedade era tanta que nem me importei com sol, pois meu pensamento estava a oitenta quilômetros. Por ali passavam de tudo, caminhões, motos, carros importados ou não, uns até buzinavam para mim, mas a maioria nem se importava, pois presumo que esse negócio de carona é por tudo, perigoso.                                                                       
Não lembro nem do carro e nem da pessoa que me deu carona, mas cheguei a tempo, paguei os cinqüenta reais e retirei o motivo da minha aflição, o atrasado certificado. A instituição estava bem próxima a um ponto de ônibus (circular), e corri para o outro lado da rua, para o mais rápido possível pegar um e chegar a Paiçandu-PR., e de lá novamente uma carona.
Quando encostou um, perguntei se esse pararia no posto, o motorista balançou a cabeça com o sinal de sim, imediatamente embarquei. Estava com pouca gente, dessas que levantam às seis da manhã e que tem um dia entediante. A essa altura o sol já estava se pondo e eu estava a caminho do posto, o da saída de Paiçandu-PR.
Mas por um momento me ocorreu um pensamento: o ônibus está indo por um caminho que não conheço. Corri até a frente, e perguntei ao cobrador se o ônibus não iria passar no posto? Sim, disse ele, já passou. O quê? Mas esse ônibus não vai parar no posto da saída de Paiçandu? Risos... Não, a linha já está terminando. Mas vai parar onde? No embarque do trem de carga. Trem de carga? Sim. Naquele momento me lembrei de um provérbio da minha terra, é meio esdrúxulo me desculpe, mas resumiu o momento: “Para quem está cagado, um peidinho a mais não faz diferença”.
            Perguntei: essa linha de trem vai sair em Paiçandu? Sim. Olhei firme para a linha e para a estrada de volta, o que fazer? Voltar, já estava tarde e o ônibus já havia encerrado seu expediente, a solução foi rumar na linha do trem e apertar o passo. Com pouco tempo de caminhada meus pés já estavam doendo, pois a modalidade de calçado que usava (sapa tênis) tinha o solado fino, e parecia que eu pisava diretamente nas pedras que estavam junto à linha, e o resulto disso foram os calos.
            Ao longo da linha via-se muita sujeira, óleo derramado, grãos de todos os tipos, plástico e algum tipo de vegetação, mas na melhor das hipóteses, era mato mesmo. E o certificado? Estava na bolsa, mas não importava muito nesse momento, pois minha alma estava no regresso, o que parecia longe.
            Alguns pensamentos nasceram no trajeto, e me trouxeram ansiedade e desânimo, e o velho existencialismo permeou meu ser, ou seja, vale a pena isso tudo por causa de um sonho? Ou, por que sofremos tanto em nossas conquistas? Pensei por um momento que eu era o único que sofria aquele tipo de angústia, mas o pior ainda estava por vir. Ouvi um barulho, era o trem, mas com apenas um vagão e o maquinista parecia que havia entrado em uma piscina de óleo, acenou com a mão. Deve ter pensando, imagino: o que esse doido faz nos trilhos do trem há essa hora? Mas passou rápido, e eu continuava andando. Quanto andei? Não faço idéia, mas imagino que uns 5 km no mínimo.
Comecei a avistar uma ponte, em cima tinha muito tráfego, embaixo um gol todo amassado, acho que era um do modelo bola. De repente um insight, eu estava debaixo da ponte que vai para Paiçandu, justamente no local em que eu deveria estar por cima, eu estava por baixo. Ai meu Deus! Percebi o tamanho do problema, pois a ponte estava em torno de uns oito metros de altura, e nas laterais eram barrancos, não tinha como subir. Quem apareceu novamente? O existencialismo, me martirizando e desafiando a viver em meio às lutas. Pensei, pensei. A frente estava à estação de carga dos trens, e voltar, não, nem pensar, era tarde e meus pés estavam doendo muito. Olhei a frente, uns duzentos metros e vi uma escada de ferro que levava até a fábrica ao lado. Oras, “Para quem está C... um P...” vocês já sabem, corri para a escada, subi em cima de um armazém, e desci me agarrando a barras de ferro.
Outra preocupação surgiu: teria guardas? Pitbulls? O fato é que saí correndo como louco, procurando a rumo o portão da entrada, ou da saída para o meu caso. Achei um portão, estado (trancado), mas fácil de pular, ao lado uma moto e um carro frente a uma espécie de escritório, não tinha ninguém, mas estava aberto. Não titubeei, pulei de um salto o portão e saí em disparada rumo a BR, corri, corri muito, passei a ponte e quase parei para confrontá-la pelo meu suplício, mas não havia tempo, quando cheguei ao pretendido posto, já era noite, e voltei novamente a pedir carona. Como? Dessa vez somente com o gesto do dedão, e após uma meia hora, parou um gol, e dos novos. Vai para onde amigo? Cianorte, tem como me levar? Ao que ele respondeu: Não tem como você me ajudar com cinco reais? Cinco reais? E eu achava que seria uma carona, pois eu estava sem nenhum centavo no bolso, tinha somente os cinqüenta que havia gastado com o bendito lá atrás. Moço, eu não tenho nenhum centavo, e se puder me ajudar... Sim, sim, vamos. O mundo já havia passado em minha cabeça, tântalo, serra pelada, rocinha, meninos de rua etc.
Meus pés e minhas costas não me prejudicavam mais que meus pensamentos que ainda me conturbavam rumo a Cianorte, e estrada a fora, comecei a conversar com o “moço”, aparentava uns trinta e sete anos, olhos cansados, magro, nariz fino e feição de sofrimento, e era mesmo. Abriu-me o coração e disse que estava por se separar da família, e que tinha filhos da minha idade. Comecei a pensar na vida do moço, e então notei que meu sofrimento era ínfimo perto do dele.
Conversa vai, conversa vem, até que chegamos ao seminário em Cianorte, creio que já eram umas vinte horas, agradeci ao moço, e entendi que o sofrimento é uma ferramenta muito eficaz para moldar nossa história, e o apóstolo Paulo parece que entendia bem isso:
“Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós. Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados. Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos..” IICo 4.7-9

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