quinta-feira, 11 de outubro de 2012

O LÍDER, E OS DESAFIOS DA PÓS-MODERNIDADE


"E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará."  (João 8 : 32).

 

         A idéia ou conceito de “Pós-modernidade” ainda não é consenso entre os pensadores (educadores, filósofos, historiadores etc.), todavia a cada dia cresce a “adesão” a essa corrente que sorrateiramente tem se alojado em nosso meio. O termo pós-modernidade foi empregado pela primeira vez na década de 30, pois segundo os pensadores da época, o mundo estava vivendo um processo de transição. Com a chegada da Segunda Guerra Mundial, o mundo teve pelo menos quatro “grandes” modelos ou paradigmas que norteavam a humanidade, como: Capitalismo, Comunismo (socialismo), Fascismo Italiano e o Nazismo Alemão.
     Terminada a guerra, ficou provado que o Nazi-fascismo foi uma desgraça para o mundo, logo foi eliminado e restando por vez o Capitalismo e Comunismo, dando início a chamada “Guerra Fria”. Ao final da década de 60 e início de 70 houve a chamada Crise dos Paradigmas do mundo, e a partir daqui o termo pós-modernidade ganha atenção generalizada, tornando-se uma resposta as crises que o século XX enfrentou.                        O Pós-modernismo é uma rejeição ao projeto Iluminista (movimento filosófico do séc. XVIII), que defendia a racionalidade, progresso e objetividade da ciência e da natureza. Segundo os pensadores pós-modernos o mundo está vivendo um processo de relativização de tudo, ciência, natureza, ser humano, religião etc. Logo, existe um pessimismo tomando conta do mundo, por não existir segundo eles, uma verdade absoluta.

A pergunta do líder: E o que a pós-modernidade tem haver comigo?

        O líder “antenado”, perceberá que existem alguns desafios que sutilmente estão ao nosso redor. Quem sabe não percebemos isso no ambiente e ou comunidade da igreja, mas estamos inseridos em círculos de amizades, trabalho, faculdade, mídia, enfim, no contexto cultural que vivemos, o pós-modernismo está bem presente. 
     Exemplo: Para você líder, a palavra de Deus é a verdade? Certamente que sim, mas para o pós-modernismo não. Para o pós-modernismo, a palavra de Deus é a minha verdade, a verdade da minha comunidade (igreja), mas não a Verdade com V maiúsculo, para o mundo. Ora, está mais do que claro que se a palavra de Deus (que para nós é a verdade) está sendo relativizada para o mundo, de fato a pós-modernidade é um grande desafio para o líder que é fiel as escrituras e comprometido com os valores do Reino de Deus.                                                                         
     Das várias características que constroem a pós-modernidade, refletiremos somente acerca de duas (pois senão o texto se tornaria muito longo), tornando-as como desafios a nós líderes:

1. O desafio da relativização da verdade:
 
Nos sábados de manhã você liga a televisão e vê programas evangélicos, com conteúdos que vão desde reformados a neo-pentecostais, e quando termina a programação você fica com a seguinte pergunta? Quem é que está certo? Os Reformados? Os Pentecostais? Os Neo-pentecostais? Os G12? Espera ai, a base para todos não é a mesma, ou seja, a bíblia sagrada? Sim! E por que então temos toda esta divergência? Por que estamos relativizando a verdade, e em vez de retornarmos as escrituras como ela é, estamos arrumando um “jeitinho brasileiro” para encaixar nossas idéias, que na maioria das vezes são incompatíveis com a palavra de Deus. Jesus Cristo já havia nos alertado: "E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará."  (Jo. 8 : 32).

Se o mundo, dito pós-moderno está vivendo uma crise da “verdade”, ou seja, não existe uma verdade absoluta, nós líderes mais do que nunca, devemos nos agarrar na verdade que é a palavra de Deus.  Um dos lemas da reforma Sola scriptura parece que caiu em desuso, e líderes usam as escrituras a seu bel prazer, interpretando-a conforme a ocasião e necessidade. É aqui que infelizmente recebemos uma característica da pós-modernidade: a relativização da verdade. Lutero nos diz: Paz se possível, mas a verdade a qualquer custo”. 
Nestes últimos dias da igreja na terra, o que realmente vai fazer a diferença não são as “verdades recebidas por revelação” (geralmente isto só acontece para uma seleta classe...), mas a palavra de Deus, assim como ela é, no Sim Sim, e no Não Não.

2. O desafio da construção da identidade (Identidade Líquida):

Segundo os pensadores pós-modernos (como Zigmunt Bauman), o homem está se moldando a qualquer ambiente ou cultura, chamando isto de identidade líquida. É como você pegar água e colocar em um recipiente redondo, logo ela se tornará redonda, num quadrado, quadrada e por ai vai. 
Já é claro para todo mundo que nós Presbiterianos Renovados não somos homogêneos nem na doutrina (reformada) nem na liturgia, nem..., deixa pra lá. O que aconteceu foi que cada líder se dirigiu a um porto nem sempre seguro. Parafraseando: “E quando um homem não sabe a que porto se dirige, nenhum vento lhe será favorável” (autor anônimo). É claro que nosso maior referencial é Jesus Cristo, mas na prática não parece. Pois as vezes estamos parecendo Marcos Felicianos, Renes Terras Novas etc.. (é só um exemplo, não levem a mal). Estamos nos identificando com os “ícones” desta geração e construindo nossa identidade e teologia em cima dos mesmos, estamos parecendo não os soldadinhos de Jesus, mas dos fulanos e dos cicranos. E a quem poderíamos imitar que se colocou como referência a nós (Apóstolo Paulo) não imitamos: “Sede meus imitadores, como também eu de Cristo” (ICo. 11.1). Mas a outros, parece que alguns imitam e diga-se de passagem, muito bem.
A identidade líquida como se não bastasse, criou o que eu chamo de Líder Status e Líder Mercado. Ser líder hoje não é de todo ruim, pois se tornar líder pode me dar uma ascensão, e nesse caso religiosa, que eu talvez não conquistaria nos meios seculares. Exemplo: Você com certeza já ouviu a velha profecia sobre ministério: “Eis que te chamo para uma GRANDE obra. Você será conhecido internacionalmente, e viajará para os quatro cantos do mundo. Te colocarei entre os grandes, e você será cabeça e não cauda” Não estou dizendo que isto é impossível a Deus, o que quero salientar é que ser Líder pode me trazer um Status que eu com meus próprios esforços eu nunca conseguiria, mas agora a igreja (liderança) pode me dar esta possibilidade. Imagina: Eu, Jean Carlos do interior do MT, de uma cidadezinha de 30 mil habitantes se tornar famoso no mundo todo? Isso é bom de mais... Bom para meu ego, mas não para a glória de Deus. 
E o Líder Mercado está atrelado ao Líder Status, ou seja é a conseqüência do primeiro. É comum você ver cantores, pregadores etc., dando os sofridos testemunhos que passaram fome e todo tipo de privações possíveis, não é mesmo? Mas estes mesmo quando ganharam Status, passaram a ter uma conduta bem diferente de seu chamado inicial, pois quando são convidados a cantar e ou ministrar cobram absurdas quantias, absurdas mesmo. A poucos dias ouvi que um “cantor evangélico” está cobrando 80 mil reais por show, eu disse 80 mil. Fala sério, isso é “fazer a obra?”. Concordo plenamente que “Digno é o obreiro do seu salário”, que ele tem despesas, família para cuidar, músicos, instrumentos etc. Mas isto é abusivo, é se tornar um líder mercado. Sou contra também igrejas que agem de má fé, fazem seus convites e despede o obreiro com o singelo “Deus abençoe”. Devemos aprender a honrar nossos obreiros, e ofertar na vida deles “uma medida recalcada, sacudida e transbordante”, mas sem abusos.
Enfim, para que quero ser líder? Para Status? Mercado? Ou para carregar a cruz? Paulo aconselhando a Timóteo a ser um verdadeiro líder: “Sofre, pois, comigo, as aflições, como bom soldado de Jesus Cristo."  (II Timóteo 2 : 3). Tenho sérias dúvidas em relação a motivação de alguns líderes das igrejas brasileira, se estão servindo a Cristo por amor, ou por vanglória. 
A pós-modernidade pode ser um perigo para quem não tem Cristo como referência, pois se assim fosse, seríamos de fato Cristãos, ou seja, cópias de Cristo. Já que estamos vivendo momentos flutuantes nesta era pós-moderna, a palavra de Deus é a chave para preencher a lacuna e o vazio existencial do mundo. A pós-modernidade pode nos ensinar a ter uma “identidade líquida”, uma que só se molda na palavra de Deus.
Obrigado!

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