O LÍDER, E OS DESAFIOS DA PÓS-MODERNIDADE

"E
conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará." (João 8 : 32).
A idéia ou conceito de “Pós-modernidade” ainda não é consenso
entre os pensadores (educadores, filósofos, historiadores etc.), todavia a cada
dia cresce a “adesão” a essa corrente que sorrateiramente tem se alojado em
nosso meio. O termo pós-modernidade
foi empregado pela primeira vez na década de 30, pois segundo os pensadores da
época, o mundo estava vivendo um processo de transição. Com a chegada da Segunda
Guerra Mundial, o mundo teve pelo menos quatro “grandes” modelos ou paradigmas
que norteavam a humanidade, como: Capitalismo, Comunismo (socialismo), Fascismo
Italiano e o Nazismo Alemão.
Terminada
a guerra, ficou provado que o Nazi-fascismo foi uma desgraça para o mundo, logo
foi eliminado e restando por vez o Capitalismo e Comunismo, dando início a
chamada “Guerra Fria”. Ao final da década de 60 e início de 70 houve a chamada Crise dos Paradigmas do mundo, e a
partir daqui o termo pós-modernidade ganha atenção generalizada, tornando-se
uma resposta as crises que o século XX enfrentou. O Pós-modernismo é uma rejeição ao projeto Iluminista (movimento filosófico do séc.
XVIII), que defendia a racionalidade, progresso e objetividade da ciência e da
natureza. Segundo os pensadores pós-modernos o mundo está vivendo um processo
de relativização de tudo, ciência, natureza, ser humano, religião etc. Logo,
existe um pessimismo tomando conta do mundo, por não existir segundo eles, uma
verdade absoluta.
A
pergunta do líder: E o que a pós-modernidade tem haver comigo?
O líder “antenado”,
perceberá que existem alguns desafios que sutilmente estão ao nosso redor. Quem
sabe não percebemos isso no ambiente e ou comunidade da igreja, mas estamos
inseridos em círculos de amizades, trabalho, faculdade, mídia, enfim, no
contexto cultural que vivemos, o pós-modernismo está bem presente.
Exemplo: Para você líder, a palavra de Deus é
a verdade? Certamente que sim, mas para o pós-modernismo não. Para o
pós-modernismo, a palavra de Deus é a minha verdade, a verdade da minha
comunidade (igreja), mas não a Verdade com V maiúsculo, para o mundo. Ora, está
mais do que claro que se a palavra de Deus (que para nós é a verdade) está
sendo relativizada para o mundo, de fato a pós-modernidade é um grande desafio
para o líder que é fiel as escrituras e comprometido com os valores do Reino de
Deus.
Das
várias características que constroem a pós-modernidade, refletiremos somente
acerca de duas (pois senão o texto se tornaria muito longo), tornando-as como
desafios a nós líderes:
1.
O desafio da relativização da verdade:
Nos sábados de manhã você
liga a televisão e vê programas evangélicos, com conteúdos que vão desde
reformados a neo-pentecostais, e quando termina a programação você fica com a
seguinte pergunta? Quem é que está certo? Os Reformados? Os Pentecostais? Os
Neo-pentecostais? Os G12? Espera ai, a base para todos não é a mesma, ou seja,
a bíblia sagrada? Sim! E por que então temos toda esta divergência? Por que
estamos relativizando a verdade, e em vez de retornarmos as escrituras como ela
é, estamos arrumando um “jeitinho
brasileiro” para encaixar nossas
idéias, que na maioria das vezes são incompatíveis com a palavra de Deus. Jesus
Cristo já havia nos alertado: "E conhecereis a verdade, e a verdade vos
libertará." (Jo. 8 : 32).
Se o mundo, dito
pós-moderno está vivendo uma crise da “verdade”, ou seja, não existe uma
verdade absoluta, nós líderes mais do que nunca, devemos nos agarrar na verdade
que é a palavra de Deus. Um dos lemas da
reforma Sola scriptura parece que
caiu em desuso, e líderes usam as escrituras a seu bel prazer, interpretando-a conforme a ocasião e necessidade. É
aqui que infelizmente recebemos uma característica da pós-modernidade: a
relativização da verdade. Lutero nos diz: Paz
se possível, mas a verdade a qualquer custo”.
Nestes
últimos dias da igreja na terra, o que realmente vai fazer a diferença não são
as “verdades recebidas por revelação” (geralmente isto só acontece para uma
seleta classe...), mas a palavra de Deus, assim como ela é, no Sim Sim, e no
Não Não.
2. O desafio da construção da
identidade (Identidade Líquida):
Segundo
os pensadores pós-modernos (como Zigmunt Bauman), o homem está se moldando a
qualquer ambiente ou cultura, chamando isto de identidade líquida. É como você
pegar água e colocar em um recipiente redondo, logo ela se tornará redonda, num
quadrado, quadrada e por ai vai.
Já é
claro para todo mundo que nós Presbiterianos Renovados não somos homogêneos nem
na doutrina (reformada) nem na liturgia, nem..., deixa pra lá. O que aconteceu
foi que cada líder se dirigiu a um porto nem sempre seguro. Parafraseando: “E quando um homem não sabe a que porto se
dirige, nenhum vento lhe será favorável” (autor anônimo). É claro que nosso
maior referencial é Jesus Cristo, mas na prática não parece. Pois as vezes
estamos parecendo Marcos Felicianos,
Renes Terras Novas etc.. (é só um exemplo, não levem a mal). Estamos nos
identificando com os “ícones” desta geração e construindo nossa identidade e
teologia em cima dos mesmos, estamos parecendo não os soldadinhos de Jesus, mas
dos fulanos e dos cicranos. E a quem poderíamos imitar que se colocou como
referência a nós (Apóstolo Paulo) não imitamos: “Sede meus imitadores, como
também eu de Cristo” (ICo. 11.1). Mas a outros, parece que alguns imitam e diga-se de passagem, muito bem.
A
identidade líquida como se não bastasse, criou o que eu chamo de Líder Status e Líder Mercado. Ser líder
hoje não é de todo ruim, pois se tornar líder pode me dar uma ascensão, e nesse
caso religiosa, que eu talvez não conquistaria nos meios seculares. Exemplo:
Você com certeza já ouviu a velha profecia sobre ministério: “Eis que te chamo para uma GRANDE obra. Você
será conhecido internacionalmente, e viajará para os quatro cantos do mundo. Te
colocarei entre os grandes, e você será cabeça e não cauda” Não estou
dizendo que isto é impossível a Deus, o que quero salientar é que ser Líder
pode me trazer um Status que eu com meus próprios esforços eu nunca
conseguiria, mas agora a igreja (liderança) pode me dar esta possibilidade.
Imagina: Eu, Jean Carlos do interior do MT, de uma cidadezinha de 30 mil
habitantes se tornar famoso no mundo todo? Isso é bom de mais... Bom para meu
ego, mas não para a glória de Deus.
E
o Líder Mercado está atrelado ao Líder Status, ou seja é a conseqüência do
primeiro. É comum você ver cantores, pregadores etc., dando os sofridos
testemunhos que passaram fome e todo tipo de privações possíveis, não é mesmo?
Mas estes mesmo quando ganharam Status,
passaram a ter uma conduta bem diferente de seu chamado inicial, pois quando
são convidados a cantar e ou ministrar cobram absurdas quantias, absurdas
mesmo. A poucos dias ouvi que um “cantor evangélico” está cobrando 80 mil reais
por show, eu disse 80 mil. Fala sério, isso é “fazer a obra?”. Concordo
plenamente que “Digno é o obreiro do seu salário”, que ele tem despesas,
família para cuidar, músicos, instrumentos etc. Mas isto é abusivo, é se tornar
um líder mercado. Sou contra também igrejas que agem de má fé, fazem seus
convites e despede o obreiro com o singelo “Deus abençoe”. Devemos aprender a
honrar nossos obreiros, e ofertar na vida deles “uma medida recalcada, sacudida
e transbordante”, mas sem abusos.
Enfim, para que quero ser líder? Para Status? Mercado? Ou para carregar a cruz? Paulo aconselhando a Timóteo a
ser um verdadeiro líder: “Sofre, pois, comigo, as aflições, como bom soldado de
Jesus Cristo." (II Timóteo 2 : 3).
Tenho sérias dúvidas em relação a motivação de alguns líderes das igrejas brasileira,
se estão servindo a Cristo por amor, ou por vanglória.
A
pós-modernidade pode ser um perigo para quem não tem Cristo como referência,
pois se assim fosse, seríamos de fato Cristãos,
ou seja, cópias de Cristo. Já que estamos vivendo momentos flutuantes nesta era pós-moderna, a palavra de Deus é a
chave para preencher a lacuna e o vazio existencial do mundo. A pós-modernidade
pode nos ensinar a ter uma “identidade líquida”, uma que só se molda na palavra
de Deus.
Obrigado!
Pastor Jean...exatamente o que está acontecendo...temo pelo Brasil porque aqui está se praticando a idolatria escancarada no meio evangélico, sempre maquiada de "verdade". A Palavra de Deus é o livro mais rico que existe, e alguns textos fora do contexto são usados para confirmar a "verdade" que as pessoas querem. Só Deus para ter misericórdia, e homens de Deus para pregar o verdadeiro Evangelho!
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