quinta-feira, 18 de novembro de 2010

A ESPIRITUALIDADE SEM O ESPÍRITO!

Em pleno século XXI, estamos vendo um grande crescimento das religiões e das religiosidades. O fenômeno religioso pulula diariamente na sociedade que se diz racionalista, cética, agnóstica, evolucionista, desenvolvida, e se queremos ainda, pós-moderna. Assim, vemos que ainda não foi possível a morte de Deus, e que este continua vivo, e representado nas mais diversas formas e conteúdos. Desta forma concordamos com Vieira quando diz:
           
“Um número cada vez maior de pessoas tem procurado redimensionar, em nossos dias, o seu lado religioso e místico, resultado muito provável da ressacralização do Ocidente. Mudam-se as vestes, mas brota a questão urgente da religião e de um desejo profundo de encontrar-se com e, se possível, no sagrado. O homem parece não conseguir desvencilhar-se do velho fascínio pelo evento religioso e mágico. Quando parecia que Deus havia mesmo morrido e que a religião acabaria, novos deuses e demônios e um novo e desconhecido fervor religioso invadiu a sociedade que se imaginava secularizada”[1].

            A não ser nos meios universitários, raramente vemos alguém dizer que é Ateu. E este mesmo ainda assim tem algum tipo de fé, como: Acredita que Deus não existe, logo tem no seu ateísmo. Mas não é sobre estes que nos preocupamos, mas sim, com uma classe que diz “espiritual”. Pesquisas nos dizem que há um grande crescimento da religião e da religiosidade principalmente entre os jovens. O fenômeno religioso tem ganhado uma nova roupagem, sendo ressignificado e abrangendo todas as camadas sociais, desde a elite aos mais pobres. Verifica-se também, uma grande quantidade de literatura sendo publicada e consumida. Em nosso pleito entre os presidenciáveis, vimos o caráter religioso mais uma vez tendo participação com figuras que nada tinham de “espirituais”.
            É comum vermos dizeres em carros, orkuts, msns, como: “O senhor é meu Pastor e nada me faltará”; ou o mais clássico, “Tudo posso naquele que me fortalece”. E quando conversamos com esse tipo de “espiritual” sua linguagem é carregada do jargão religioso: “é benção pura”; “Deus está comigo” etc., e que acaba por legitimar sua expressão como tal. E justamente aqui está o ponto central de nossa reflexão: O paradoxo da Espiritualidade sem o Espírito.
A primeira carta de João cap.2.4 nos diz: “Aquele que diz: Eu conheço-o, e não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e nele não está a verdade”. Está nascendo uma geração que conhece a Deus somente de ouvir falar, mas que não conseguem verdadeiramente ver a Ele, pois se conhecessem teriam uma nova e transformada vida.
            O Pr. Jeremias Pereira da oitava Igreja Presbiteriana de BH, conta um fato em que um Tenente da PM (membro da sua igreja), foi chamado para conter uma briga entre as torcidas do Atlético e do Cruzeiro. Com a chegada da polícia no local, os torcedores correram para os ônibus, e ao entrar em um, o Tenente teve uma surpresa, depois do quebra-pau estavam todos cantando alegremente: “Entra na minha casa, entra na minha vida, meche com minha estrutura, sara todas as feridas, me ensina a ter santidade....” (música do Régis Danese).
Esse é um dos exemplos que temos visto a expressão de uma espiritualidade sem o espírito. O Profeta Isaías no cap. 29.13 nos adverte: “Porque o Senhor disse: Pois que este povo se aproxima de mim, e com a sua boca, e com os seus lábios me honra, mas o seu coração se afasta para longe de mim e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, em que foi instruído”. Falar de Jesus é muito fácil, qualquer um fala, mas obedecer e ser fiel aos seus mandamentos, é o grande desafio a essa geração que se diz “espiritual”. E a esses o próprio Cristo conheceu e conhece muito bem, e chama-os de Hipócritas e Fariseus, ou seja, aqueles que não vivem o que pregam. Mas o leitor conhece mais prontamente pela versão popular: “Faça o que falo, mas não faça o que eu faço”. A verdadeira espiritualidade consiste em: “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele” Jo 14.21.
Para que Deus realmente resplandeça em nossa vida, há de convir que de uma mesma fonte não pode jorrar água limpa e água suja, pois o Espírito de Deus não habita em templos (corpos) sujos.

Deus nos abençoe!

*Esse texto foi Publicado recentemente pelo Jornal Aleluia: http://www.iprb.org.br/aleluia/jornalaleluia/jornal-do-mes.htm


[1] VIEIRA, Samuel. O Império gnóstico Contra-Ataca. Ed. Cultura Cristã, 1999. p. 80. São Paulo-SP.

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