Necessidade que nos cega
“Dentre todas as dívidas, a mais sagrada é a do
reconhecimento”, disse Benjamin Franklin.
Quando nos inteiramos do significado de ser reconhecido:
recompensado, premiado, gratificado e valorizado, compreendemos o fato de ter
sido considerada uma dívida sagrada por Franklin, afinal, está sempre
relacionado a meritocracia.
Essa necessidade de se mostrar capaz a todo custo, tem movido
a sociedade em seu âmbito pessoal, profissional e até mesmo sentimental. A
grande complicação aparece quando esta necessidade se faz presente em nosso
relacionamento com Deus, prova disso, é o comportamento que vemos no filho mais
velho na parábola do filho pródigo ( Lc 15:11-32 ), que se indignou ao ver o
pai regozijar-se pela restauração de seu irmão perdido. Nas palavras do filho
mais velho: este que desperdiçou seus bens com meretrizes, enquanto eu a tantos
anos tenho te servido sem jamais transgredir uma ordem sua e nunca me
recompensastes como forma de reconhecimento pela minha capacidade de obedecer e
servir.
Comumente cometemos vários erros ao nos portarmos como este
primogênito, que cegado pela necessidade de reconhecimento, não soube discernir
que a verdadeira restauração de seu irmão não veio no instante da entrega da
melhor roupa, nem do anel no dedo e muito menos das sandálias nos pés, mas sim
no momento de confissão do erro que consequentemente levou ao arrependimento
que fez haver mais júbilo na casa do pai. ( Lc 15:7 ).
O anseio de ser reconhecido é tão forte na vida deste jovem
que sua satisfação não está em regozijar-se no pai e muito menos com ele, mas
seu desejo era se alegrar com seus amigos, afim de mostrar o quanto é especial
aos olhos do pai.
Por diversas vezes almejamos tanto sermos recompensados,
simplesmente para que possamos mostrar o quanto somos obedientes, e
consequentemente abençoados, que esquecemos que nosso chamado assim como o de
Abraão é para que sejamos benção (Gn 12:2).
Este rapaz por fim chega ao ponto de não perceber que tudo
que é do pai também o pertencia, afinal ele não desejava nada que viesse de seu
pai simplesmente por amor, para ele o mérito era o objetivo final, se não viesse
como forma de prêmio era desprezado, a graça não lhe bastava.
Porém pode-se afirmar que o maior erro cometido por este
jovem foi o de acreditar que seu pai agiu daquela maneira para com seu irmão
como forma de reconhecimento pelo seu retorno, entretanto aquele homem
simplesmente praticou seu amor para com seu filho na intenção de demonstrar que
seu sentimento era inabalável e continuava o mesmo, independente de qualquer
situação.
Por vários momentos cometemos o mesmo erro quando buscamos
nos relacionar com Deus de uma forma com a qual o nosso Senhor não trabalha.
Assim como aquele pai, Deus não atua com sistema de reconhecimento, Deus não contabiliza
méritos e deméritos, e muito menos procede em função do que realizamos ou deixamos
de realizar. Ele simplesmente manifesta seu amor segundo o beneplácito de sua
vontade e somente age de acordo com sua santa soberania, em sinergia com o
sacrífico de Cristo e o poder do Espírito Santo.
O evangelho segundo Mateus em seu capítulo 6 nos mostra que
aquele que receber reconhecimento aqui já recebeu sua recompensa e não será
recompensado pelo pai. Que esta palavra possa trazer temor aos nossos corações a
fim de nos fazer buscar cada vez mais as coisas do alto, para que ao contrário
daquele rapaz nós possamos reconhecer e nos contentar com a graça e
misericórdia do Pai que nos é oferecia diariamente mesmo não sendo merecedores,
na esperança de recebermos as coisas que os olhos não viram, e os ouvidos não
ouviram, e que não desceram ao coração do homem, e que Deus preparou para
aqueles que o amam (1Co 2:9), a saber, a salvação.
Por: Kassio Gilliard (Obs. Primeira vez que escreve algo para postar).
Primavera do Leste - MT
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